Após um começo de festival no mínimo sensacional, acordei no dia seguinte com uma semi-ressaca, semi porque acordei as 3 da tarde enquanto o carioca foi pro trabalho no dia seguinte e acordou se não me engano as 8 da manhã. E não existe nada pior do que ter pensar depois de um show, coisa que tem trabalha deve fazer certo? Mas lá estava eu a fazer as obrigaçoes diarias pré segundo dia de festival (comprar o macarrao de 1 euro, o molho de 1 e pouco, as cervejas e o energetico), parei pra entrar na internet e ver se existia alguma repercussão do festival na pagina do festival no face. Lá via videos, e declaraçoes só positivas sobre o show do Foo Fighters, Primal e Diplo, ou seja, não estava maluco ao afirmar que tinha sido os melhores shows em cada palco. Ao mesmo tempo via um monte de “criança” super empolgado com o show do que seria o headline do dia no palco principal e o qual eu não tinha nenhuma noção do porquê de todo mundo estar tão empolgado ou tampouco por que o 30 seconds from Mars ser essa banda. Sabia que era a banda do maluco que fez um junkie no filme “Requiem para um sonho “ e que a maioria das “criança” não tinha visto esse filme, muito bom mas extremamente pesado, um filme que as faria “stay out crack for good”. Pensei, “ vou ver um pouco pelo menos dessa merda pra qual que é”. Enquanto isso o macarrão ficava pronto, o carioca chegava do trabalho com uma cara de acabado. Disse as poucas palavras “ o rolim, vai la frrrrente carrra, vou dorrrmirr um pouco, te encontro lá”. Feito, macarrão na barriga e sai correndo até pq já tava perdendo o começo do show do Friendly Fires.
Antes de entrar no festival tentei dar uma de “brasileiro”, já tinha tomado as cervejas mas tinha ainda dois energéticos e realmente não queria desperdiçá-los, não pensei duas vezes e coloquei em cada um dos bolsos da minha bermuda( uma daquelas com diversos bolsos). Na revista, abri a mala, o policial viu que não tinha nada, e estava pra me deixar passar quando ele teve a grande ideia de dar um tapinha na bermuda, só pra ver se não tinha nada, me ferrei, achou os dois energeticos e disse “ o senhor sabe que não pode fazer isso e pq faz?” sem palavras pra responder só pensei em beber os dois energeticos o mais rapido possivel e entrar no festival (o guardinha tinha sido legal e dito que podia bebe-los se quisesse). A primeira banda do dia seria o Friendly Fires, a qual eu não sei porque foi colocada em um horario tão chulo (6 da tarde), tinha perdido já uns 15 minutos do show o que pra uma banda dessas é tipo quase metade do show. Mas valeu a pena, tocaram os hits que são conhecidos pelo Brasil via rádios como a Oi Fm, tocaram o novo cd o qual eu não tinha dado o devido valor mas que me parecia ter umas musicas bem interessantes , pensei “ quando chegar em casa dou uma olhada com mais atenção”. O vocalista da banda parecia ser um grande queridinho da mulherada, lá tinha cartazes pra ele e quando o sujeito deu um “mosh” na galera, vi varias minas tentando beijar o cara. Esse ai tem sorte na vida. Mas o que mais me surpreendeu na banda é que além do normal, vocal,batera,guita,e baixo tinham também teclados, e caras com instrumentos de sopro. A presença de músicos com outros instrumentos seria algo comum e extremamente bom durante aquele dia do festival.
Segunda banda do dia era o “Angus and Julia Stone”, banda de folk bem calminha, daquelas que se põe pra ouvir antes de dormir sabe? Fizeram um show bem hippie e light, com boa presença de palco do Angus e a Julia da banda, aliás a Julia era uma simpatia de pessoa e extremamente charmosa. Não sei porque mas bandas que tem mulheres cantando realmente me fazem prestar ainda mais atenção ao show. A violinista da banda era muito bonita também e para completar o clima rock+mulher, o público em si consistia em basicamente mulheres o que me fez chegar a duas conclusões: 1)essa devia ser uma daquelas “bandas pra menininha” e 2)esse era um bom tipo de show pra se frequentar mais vezes. Achei o show bem relaxante e uma boa abertura para a banda seguinte a qual era A banda que eu queria ver naquela tarde com sol quase baixando, o Fleet Foxes.
Essa merece um parágrafo a parte. Conheci a banda no segundo semestre do meu intercâmbio, quando escutei uma música que iria aparecer no segundo cd da banda lançado em maio de 2011. Era um folk calmo e que depois ficava agitado da metade pra frente, além disso tinha um ar meio de grandiosidade, com diversas instrumentações e tal. Passei a querer me informar mais sobre a banda, baixei o primeiro cd e logo se tornou umas das figuras mais presentes no meu playlist diário. Na gringa, estavam os chamando de os novos “ Simon and Garfunkel”, apesar de serem uma banda e não uma dupla. Tempo vai e tempo vem, lançaram o segundo cd e realmente explodiram na Europa, a ponto de eu escutar uma música deles em lojas de departamento europeias. E mais de uma vez. Parênteses a parte, vamos ao show.
Quis pegar um lugar bom, perto do palco pra realmente aproveitar direito o show, do meu lado tinha um cara de uns 30 e poucos anos com cara de que tinha escutado muito Weezer e Wilco na vida. Antes do show dava pra escutar uma batida continua e repetetiva vindo do palco eletrônico, era um baixo muuuuito loud, que merda é essa?. Era a festa do Steve Aoki, japa/americado doidão mesmo que tinha programado todo o dj set do dia, e nele só tinha amigos dele os quais tocavam um dub step desde das 5 da tarde. Perdido nos pensamentos sobre a tenda eletronica, o grupo entra ao palco, e nisso vem 1,2,3,7 caras no palco! cada um com seu instrumento, e isso inclui um violãocelista(sei lá se essa palavra existe). O publico começava a se incendiar, e antes de tocar o primeiro acordo o vocalista diz “ vcs estão me escutando com essa barulheira?” é, não era só eu que reclamava do dub step vizinho. O show começou e nisso música boa atrás de outra, com uma presença de palco que eu não via a muito tempo e uma alegria em um show que eu não tinha desde do show do kings of leon em 2005, quando eles ainda eram legais na minha opinião. E uma coisa, a banda tem que ser realmente boa pra fazer o público pular num show de folk. Sim folk e pular não nunca estão na mesma sentença. O show foi fudido, perdi a cabeça e quase minha camiseta ao tirar ela e começar a balança-la (sim isso é brega mas euforia é foda). Tinha entendido porque diziam que eles tinha a melhor presença de palco entre as bandas consideradas “indies do momento”, além disso a comparação com eles e o Simon e o Garfunkel fazia sentido, o vocal e o backing vocal tinha uma sincronia e uma diferença de tons musicais que lembrava o duo. Além disso você sabe que uma banda é foda quando ela afina os intrumentos fazendo uma jazz session entre as músicas tocadas. Quando o show acabou eu tinha um sorriso de ponta a ponta, acho que tinha sido o melhor show da minha vida em anos. Era mais do que o som por si só, era basicamente “a banda” do meu intercâmbio em Portugal, e tinha feito um show sensacional, sentimentalista ou não, tava feliz pra caralho.
Andando com cara de bobo alegre pelo festival encontro o carioca, ele de longe tinha visto o show mas mesmo assim falou “po mano geral tava pirando nesse show, foi bom meiiissmo”. Daqui pra frente no festival não tinha nada em seguida mesmo, o que era bom pra mim pq depois desse show eu tava realmente cansado, mas mesmo assim queria continuar escutando música e por isso fomos pro palco principal. Lá devia estar tocando uma banda que segundo a organização do festival tinha um som à la Blink, e po Blink é legal pra cacete. Chegamos lá e nada tocava, algo devia ter atrasado o show. Aproveitei pra comer o sandubinha homemade e dar uma descansada. Na noite ainda teria o 30 seconds from Mars, com suas crianças andando pra lá e pra cá com camisetas, pais e bandeiras com os dizeres “WAR”, sei lá eles devem ser muito do mal mesmo. Além disso teria o Thievery Corporation, banda que o carioca mais queria ver em todo o festival mas que eu não conhecia direito e ao mesmo tempo botava fé e confiança no carioca. E pra terminar tinha o Chemical Brothers com sua aparelhagem de som imensa e show de eletrônico de gente grande. Antes disso vimos o Afrojack, dj com uns hits na Europa e que fez um excelente set list balada, entramos pra ver e acabamos ficando até o fim do show. Pós isso fomos ver o começo dos 30 segundos lá, e nada de banda “porra alguma merda rolou” pensamos. Nisso aproveitamos pra ir pro palco secundário esperar o Thievery e relaxar na “prainha”, chão da pista coberto com um carpete verde. Comecei a falar com um senhor com sua esposa, os quais tinham ido pelos shows eletronicos da noite (Thievery e Chemical), pra ele Chemical era melhor banda do mundo ao vivo e o Thievery era muito boa ao vivo tb mas ele não entendia pq tinham guitarras, bateria e percussão no palco pois o mesmo já os tinha visto 4 vezes e sempre era só um dj com uma pickup. Conversa vai e vem, eu recebo uma mensagem do aplicativo do festival dizendo que os 3 primeiros shows do palco principal tinham sido cancelados e o 30 seconds e Chemical iam acontecer mais tarde. Hmmm achei a criançada ia ficar um pouquinho puta com o atraso do “Restart” deles.
O Thievery entrou no palco e o carioca foi a loucura, o som rolando era realmente muito bom, um som bem pra relaxar mas ao mesmo tempo com uma big band tocando. A banda tinha simplesmente 5 vocalistas cantando em françês, inglês, espanhol. Homem, mulher, tocaram Reggae, Dub, Rock e Eletronico. O show se assemelhava ao do Primal que tinha acontecido no dia anterior, todo mundo curtindo como se fosse uma grande festa, dançando e curtindo pra caramba. Nunca tinha me divertido tanto num show de uma banda que não conhecia nada e ao fim do show tinha virado fã. Não tem como não gostar, os caras eram músicos de verdade e a prova disso veio na última música. O baixista veio até a grade e começou a tocar o seu baixo na frente da galera, deixando todo mundo tocar nas cordas do baixo, se não bastasse isso pulou depois na pista e não deixava nenhum segurança tira-lo de lá, abraçava os fãs e batia no peito. O público português tinha sido especialmente bom pra eles. Fleet Foxes e Thievery, o festival tinha sido sensacional até o momento e ainda restava um big show de música eletrônica.
Fomos cansados pro palco principal, e o Chemical rolando em todos os sentidos no lugar. Show grande, com telões gigantes, uma estrutura que parecia uma grande jaula com cores e luzes sincronizando com a música. O público tava realmente maluco nesse show, e o som rolando bom demais, o que faltava realmente era energia a qual tinha sido consumida já e o efeito do energético passado. Mas quando eles começaram a tocar “hey boy, hey girl” não sei como acordei pra vida e nisso a curtir o show realmente com afinco, eu e o carioca começamos a costurar o público pra chegar o mais perto do palco possível e o som nervoso de fundo. Conseguimos chegar na grade realmente só na última música, mas valeu a pena, a música tinha um baixo extremamente forte rolando, que fez tremer tudo, olhava pro lado as pessoas chacoalhando com os graves e os irmãos químicos quebrando tudo no palco. Quando o show acabou não sabiamos mais o que fazer, tinhamos visto 3 shows de novo extremamente fudidos. Decidimos ver o japa maluco no palco eletrônico e aproveitar o último som da noite.
No palco eletrônico tava rolando um dub step pesado, e dub step já é pesado normalmente. Mesmo assim o show tava bom, o japa tinha convidado várias mulheres pro palco, as quais tentavam aparecer cada uma mais que a outra, música vai e vem o japa termina o show de forma sensacional. Pega um daqueles botes infláveis, joga no público e pula no bote. Começa nisso a “navegar” sobre o público e jogar champagne na boca de todo mundo. Vendo de longe dava pra ver que quem tava na grade tava se divertindo ainda mais que a gente. Realmente o japa sabia fazer uma festa. O fim veio e meu cansaço se foi, eu tinha ficado no fim tão ligado com os shows de eletrônico e pela qualidade musical que quando cheguei em casa demorei pra dormir. Mas isso fica pra outro dia de história, a vir em breve.
besos